Conversas com… Diana Carriço

A 12 dias da realização do tão aguardado Evento TIN, sobre Tendências de Mentalidade, Inovação e NeuroMarketing, foi possível entrevistar Diana Carriço, CCO da LPDESIGN, uma agência criativa & indústria de produtos ‘flat-design’ com Sede em Portugal, e speaker internacional na área das Tendências, Marketing, Design e Criatividade. Diana faz ainda parte do corporate board do icaf.org – uma ONG que promove a criatividade nos adultos inspirando-se no Potencial criativo do público infantil.

– Considera que a área das Tendências em Portugal está a atingir a sua maturidade, ou ainda mal começou?

Numa altura em que atravessamos um downturn é inevitável ouvir-se falar de tendências e de todas as transformações que estas têm vindo a criar, seja em negócios já estabelecidos no mercado, seja em futuros negócios. No entanto, considero que em Portugal ainda se encontra em fase de crescimento, devido não só à falta de informação e estudos concretos na área, mas também pelo facto de haver alguma escassez de boas aplicações do estudo de tendências ao ramo empresarial que conseguissem gerar inovação e não apenas produtos / serviços ‘cool’. Continua a faltar ainda uma boa interligação entre a etapa de pesquisa de tendências, análise das mesmas e aplicação prática nas empresas com resultados inovadores.

– Do seu ponto de vista, quais devem ser as principais características de um Coolhunter?

Um cool hunter não é muito mais do que um investigador social e um antropólogo urbano em que a intuição, experiência e curiosidade natural são três palavras‐chave para se ser bom coolhunter. No entanto, não são suficientes para o desenvolvimento de um bom trabalho. Tendo por base experiência própria, um bom coolhunter deve ser curioso e mergulhar de alguma forma na cultura da cidade em que se insere; deve ter capacidade de organização do material e informações recolhidas; ser um jovem profissional qualificado que tenha alguma sensibilidade para a área criativa; ser apaixonado por tendências e pessoas; ter espírito empreendedor, ousado e pro‐activo/a e estar formatado para ter um pensamento de designer na solução de problemas ajuda em muito o trabalho de um cool hunter. Nesse sentido, formação na área ou em áreas complementares como design thinking, sociologia, cool hunting não são obrigatórias, como tudo na vida, mas tornam-se essenciais ao desenvolvimento de um bom trabalho.

– Quão importante é a integração da Análise de Tendências de Mentalidade na sua área profissional e porquê?

Sendo que a minha área profissional se traduz maioritariamente na criação de novos produtos na área do flat-design, uma área associada maioritariamente ao design de produto, a análise de tendências de mentalidade tem uma grande importância especialmente, no início do processo criativo. Perceber como é que a sociedade se comporta em determinados ambientes macro, saber porque é que determinados produtos considerados ‘cool’ muitas das vezes não passam de “fads” e não se chegam a tornar uma tendência de longo prazo são apenas algumas das questões a que uma boa análise de tendências consegue responder e fazer com que o processo criativo seja baseado em factos reais e não no “achómetro”, como a minha metade de marketer gosta de chamar, tornando o produto ou serviço final mais orientado para a realidade social .

– O que diria a uma pessoa que esteja interessada em saber mais sobre Análise de Tendências e a sua integração na sua área de negócio?

Pesquisar sobre o assunto, estar por dentro do que grandes agências internacionais da área têm vindo a fazer são claramente os primeiros passos para quem se quer introduzir no mundo das tendências. No entanto, diria que ser curioso/a, observador/a e critico/a. são igualmente essenciais. Existem várias formas e correntes de pensamento nesta área, como em quase todas as áreas afectas às ciências sociais, pelo que é importante  ter um elevado sentido crítico e questionar-se a si próprio sobre determinados métodos e cruzar métodos adequando-os ao negócio em causa ou, porque não, criar o seu próprio método de acção? Também gosto sempre de sugerir a pessoas que não têm formação em áreas criativas que apostem seja em cursos de pequena duração, como de longa duração e mais especializados (workshops, conferências, masters entre outros). E claro, o clássico cliché, artigos e livros. Actualmente existem muito poucos livros em Portugal sobre esta área em especifico, daí ter decidido em Janeiro lançar o “The Cool & The Beast”, que é um projecto que já começou no início deste ano, e que no fundo será um guia de como fazer cool hunting com uma abordagem muito prática e aplicada ao mundo empresarial, tendo como base conceitos do design thinking em todo esse processo.

Aproveito ainda para convidar para assistirem à TIN CONFERENCE, que no fundo, é uma conferência que aborda os principais aspectos do estudo de tendências, cool hunting, design thinking, até à parte da inovação e do próprio comportamento de consumo com recurso ao estudo do neuromarketing. Decididamente um evento a não perder para quem se quer introduzir neste mundo das tendências.